Foi publicado no blog no dia 26/05/2015 (Link) um texto das orientadoras do Ensino Médio sobre como é o trabalho de Orientação Profissional no Equipe. Agora temos a oportunidade de ler o depoimento de uma aluna da 3ª série, Teresa França Pinto, relatando seu processo de escolha e como a escola contribuiu para ele. Este texto foi escrito para a disciplina de Orientação Educacional como produto da pesquisa sobre profissões que todos os alunos da 3ª série devem realizar. O recorte pelo qual a aluna optou foi: “Visitar um lugar onde você se imagine trabalhando e produzir um texto sobre a experiência”.
“No início do ano eu estava muito em dúvida sobre a minha escolha profissional. As perguntas sobre o que eu pretenderia prestar já começaram a ser recorrentes desde o comecinho do colegial. Pra mim, escolher o que eu queria “pra minha vida” era algo meio impensável, mas ao observar meus interesses e facilidades, minha resposta começou a ser “Publicidade” ou “Administração”, principalmente depois de um trabalho sobre linguagem com a Ângela, no qual escolhi estudar Propaganda, e do DIP (Dia da Informação Profissional, atividade na escola organizada pela 2ª série em que profissionais de diversas áreas são convidados para falar sobre suas atividades profissionais) de 2013 sobre Administração. Mas desde que essas possibilidades começaram a pipocar meu pensamento, eu não tinha noção do quanto elas virariam certeza de que não quero seguir nenhuma dessas duas áreas, haha. Na verdade, eu não tinha noção do quanto eu iria mudar até aqui, no terceiro.
Minha entrada no Equipe em 2011 já me libertou de muitas coisas e fez eu ver a vida com (já) outros olhares. Porém, ao entrar no colegial, eu comecei a perceber que tudo vai muito além do que nós conhecemos no Fundamental. Me ver agora e pensar como tudo era no primeiro colegial dá até um frio na barriga, de tamanhas mudanças.
Ser jovem é muito mais do que ser adolescente e o Equipe conseguiu e ainda consegue me demonstrar cada vez mais isso. A vontade de mudar o que não tá certo no mundo e o desejo por inovações preenchem minha cabeça e até o coração. E assim me vi no terceiro colegial tendo que, pela primeira vez na vida, pensar sobre vestibular e a entrada na faculdade. Eu digo que foi a primeira vez porque realmente foi. Meus pais nunca me pressionaram e na verdade sempre afirmaram que um ano de cursinho “faz parte”. E a “noia do vestibular” nunca me pegou (até agora!) até porque minhas dúvidas do primeiro tinham virado certezas, porém não tinha pensado no “então, o que prestar?”. Até então era mais fácil selecionar as matérias como Matemática e Música, as quais eu nunca faria, porque eu pensava e faria todas as faculdades. Medicina, Artes do Corpo, Produção Cultural, Biologia, Geografia, Adm. Pública, Artes Cênicas, Jornalismo, Teatro e Direito se tornaram minhas certezas, mas ainda assim eu tinha inseguranças; faria todas essas, mas por nenhuma eu tinha uma paixão e não sabia como aplicar isso na minha vida profissional. E assim, no meio dessas incertezas e inseguranças, me vi indo pro Jardim Ângela com o Equipe, num trabalho de campo realizado na periferia do sul de São Paulo. Chegando na Arco (ONG que nos recebeu) e conhecendo aos poucos a comunidade de lá, percebi o quanto tudo aquilo (ainda) era São Paulo e no meio de uma conversa com o Vini (morador de lá que me recebeu), simplesmente uma luz me veio à cabeça. Essa luz que abriu minha cabeça em relação ao mundo do trabalho só se deu depois das reflexões que realizamos antes de começar as atividades, do tipo “qual seu maior medo?”; “qual o maior mico que você já passou na sua vida?”; ou “qual seu maior sonho?”. Esta última pergunta me pegou. Todos do grupo não sabiam responder e ficamos meio quietos. E logo pensei: “por que é tão fácil responder a esse tipo de pergunta quando somos pequenos? É muito na lata nossas respostas porque não temos consciência de que tudo é tão complexo”. E assim, já emocionada (rs), comecei a falar com o meu grupo sobre minha opinião. Pensei que, principalmente agora em um ano em que precisamos decidir o que “fazer da vida”, a minha maior utopia seria conseguir juntar em uma profissão todos os meus interesses: o que me motiva, o que eu faço bem, o que eu quero mudar na sociedade, o que o mundo precisa, o que eu iria gostar de fazer, no que eu posso mudar a vida de alguém, o que me renderia dinheiro pra viver etc. E talvez essa utopia de unir tudo tenha se concretizado (mas só nos pensamentos) quando o Vini me contou sobre shows que tiveram na Arco, e assim decidi: fazer produção cultural (é do que gosto, me dou bem e desde criança queria ser produtora de eventos) junto com a administração pública (e assim conseguir mudar de alguma forma a sociedade). Aí, quando essa luz veio, fiquei muito feliz. Eu confesso que as pessoas que já sabiam o que queriam prestar desde o primeiro me irritavam, e que pela primeira vez me vi no lugar delas: decidida profissionalmente.
Com isso, meu rumo neste trabalho também mudou. Acredito que ainda quero conhecer a Arco melhor e ver se é realmente isso que me atrai e também preciso estudar melhor cada uma dessas profissões, pois já entendi o que eu quero, só preciso entender se o ideal para essa concretização é fazerpolíticas públicas, administração pública ou gestão pública. Mas já digo que é um alívio ter um parâmetro sobre o que eu quero pra mim. E levanto e digo (sempre) que o Equipe tem muita responsabilidade pelas minhas decisões (rs), e eu agradeço firmemente por estudar aqui, de forma que até penso em trabalhar aqui e fazer a diferença pros jovens de 2030 (rs). Mas aí já são outros desejos e outros 500”.
Teresa França Pinto
Aluna da 3ª série do Ensino Médio