O Equipe mudou minha vida. Eu sei que pode soar clichê começar com uma frase dessas, mas de que outra maneira eu poderia? É um fato. Antes do Equipe, eu era um aluno desinteressado, sem vontade de ler, de estudar, de pensar. Era a mesmice pela mesmice, a mediocridade pela mediocridade, e não porque era disso que eu gostava, mas pela ausência total de incentivo. Nenhum gosto por saber. Estudar era apenas para passar na prova; lição de casa era contornável e fazê-la era apenas para evitar levar bronca dos pais ou não perder nota. O ensino era completamente desvalorizado e não incentivado, e por consequência, não ir atrás era a melhor coisa que eu imaginava fazer. Era chato, tedioso, sem gosto.
E não foi sempre assim. Quando eu era criança, eu era um garoto que adorava aprender. O mundo é um grande mistério! A gente nasceu sem saber nada e estamos aqui por pouco tempo! A melhor coisa que podemos fazer é descobrir onde nascemos, em que mundo vivemos, por que as coisas acontecem. É decifrar essa partícula de momento que existimos e o máximo que conseguirmos entender dela! Nascemos aqui! O mínimo que podemos fazer é entender onde é “aqui”! Mas isso foi lentamente sumindo. O interesse, a vontade.
O Equipe mudou isso. Entrei no 1º ano do Ensino Médio e não foi fácil, não foi rápido. Despertar incentivo por aprender em um aluno que há anos achava essa palavra algo repulsivo realmente não acontece da noite para o dia, mas isso ocorreu por meio de textos interessantes, livros excelentes, aulas em que se via que o professor não estava lá pelo dinheiro, mas sim porque acreditava em ensinar, porque gostava daquilo que transmitia, porque acreditava em seus trabalhos.
Pela primeira vez na vida vi trabalhos interdisciplinares que de fato misturavam as matérias. Há como misturar Matemática e Geografia! O que eu fazia, fazia por um motivo. Eu via motivo naquilo que eu estava fazendo! Os trabalhos não eram simplesmente trabalhos, eles de fato ensinavam, e de fato ensinavam algo relevante. Sobre a cidade em que vivemos, sobre o país em que vivemos, os grupos sociais com os quais convivemos, enfim, sobre a vida na Terra, sobre a Terra, sobre o Sistema Solar onde a Terra fica, diversos assuntos que faziam sentido agora! Aprendíamos táticas, estratégias, formações em Educação Física, e se você não gostasse de esporte, ou apenas quisesse variar, tinha dança, luta. Aula de Artes com conceitos, músicas, discussões. Filosofia com discussões!
Não era simplesmente fazer por fazer, estudar por estudar, trabalhar por trabalhar. Eu de fato estava aprendendo e percebendo que aprender não é ruim. Aquela pequena criança que pedia lição de casa a mais começou a, lentamente, ressurgir, e então me lembro de um dia em que fiz um Ensaio que foi super elogiado pelos professores e recomendado para apresentarem uma socialização que o Equipe iria promover. E, pela primeira vez em muito tempo, eu me senti de fato orgulhoso de algo que eu havia feito. Feliz com algo que eu fiz, e que a escola me proporcionou fazer e me deu espaço de fala.
Quando apresentei, uma sensação diferente de felicidade surgiu, que eu nunca havia sentido antes, de um orgulho por aprender. De um orgulho por entender. De um orgulho por ensinar, e então consegui imaginar a alegria de um professor que de fato gosta daquilo que ensina, pois eu senti também o que um professor do Equipe sente.
Passaram-se as férias e chegou o 3º ano do Ensino Médio, e lembro de um momento, no começo do ano, em que estava contente comentando com uma amiga sobre um trabalho que eu havia tirado B, e ela perguntou: “Por quê? Você não consegue fazer melhor que isso?”. Tudo que pude lembrar era daquela criança que eu um dia fui e do quanto ela se esforçava para tirar A, mas não pela nota, e sim porque ela gostava daquilo que fazia. E acima de tudo, do quanto eu sentia falta daquela criança curiosa e insatisfeita. Nesse momento eu percebi que realmente não faz sentido se alegrar com um B se não foi por esforço, mas sim pela ausência dele. De que é um mito ser legal passar sem estudar, ser legal fazer pouco, os professores me provaram o contrário. Eu gostava de ter alguém que pudesse me tirar dúvidas não só da aula, mas da parcela do mundo sobre a qual ele tinha conhecimento, e eu percebi que apenas na escola conseguimos de fato aprender uma diversidade de matérias e assuntos diferentes em diversos campos do conhecimento e que aproveitar aquilo era o melhor que eu poderia fazer.
Foi no Equipe que eu tive a vontade de escrever um livro, e então, na aula de Redação do Frederico Barbosa, eu tive a oportunidade e ele me deu o espaço para escrevê-lo! Lembro-me da sensação de entregar-lhe um livro com 281 páginas, do sorriso dele e do meu, e da criança que um dia eu fui.Foi no Equipe que eu tive a vontade de escrever um roteiro de um filme curta-metragem, que, aliás, escrevi, filmei e estou terminando agora. Há mais de um ano que o estou produzindo com incentivo externo e com colegas da faculdade de cinema onde estou matriculado. Foi na aula de Cinema do Raymundo Campos que eu tive a oportunidade de escrever esse curta que eu vou levar para o resto da vida!
Foi no Equipe que eu descobri um subconjunto numérico totalmente novo na Matemática e decidi fazer disso a minha monografia. Não havia orientadores de Matemática, mas no lugar de transformar isso em uma limitação, achamos um jeito de conseguir levar isso à frente! A Roseanna Pellozo, professora de Matemática, se disponibilizou em todas as suas aulas a me ajudar e a orientar meu trabalho. Ela foi de fato minha orientadora de monografia e ela nem tinha que desempenhar essa função, mas o fez. Às segundas-feiras, durante a aula de monografia, eu ficava sozinho no parque escrevendo, pesquisando e testando minhas novas e inusitadas fórmulas, pois ela não vinha ao colégio às segundas. Às terças-feiras, na primeira aula dela da semana, eu me sentava em sua mesa e passávamos a aula juntos falando sobre os “Paolários”.
Mas não se tratava apenas de assuntos da escola! Eu tinha vontade de criar! Escrevia músicas, roteiros, contos, poemas, pois agora produzir era interessante, o mundo era interessante e eu queria participar! Músicas que eu pude tocar inclusive em saraus que o Equipe organizava com a ajuda do Grêmio. Toquei em um dos festivais organizados pelo Equipe com uma banda que havia criado com meus amigos (aliás, fiz os melhores no colegial).
Isso tudo só foi possível porque o Equipe acreditou em mim, assim como eu acreditei no Equipe, e acima de tudo porque ele me deu a oportunidade de fazer tudo isso. O Equipe fez aquela velha criança há muito tempo apagada no meu passado despertar novamente. Reviveu o interesse que eu não tinha há muito tempo no mundo, nas matérias, enfim, em descobrir sobre um mundo que eu não faço ideia de como funciona, mas que gostaria muito de saber o máximo que puder.
Só porque eu estudei no Equipe, que os anos do colegial, em vez de serem completamente desgastantes e enlouquecedores com o vestibular, foram os melhores da minha vida!
Paolo Bendinelli
Aluno do Colégio Equipe entre os anos de 2014 a 2016