Julieta

Julieta é filha de imigrantes italianos que vieram para o Brasil após a guerra da Abissínia, pois não existia mais emprego no país. Seus pais tiveram seis filhos aqui no Brasil, sendo que ela nasceu em 1920, na cidade de São Roque. Seu pai tinha dois cavalos e uma charrete, que usava para a extração de pedras, que eram vendidas por ele. Sua mãe cuidava da casa e fazia com os seus filhos garrafas de palha, que eram vendidas para ajudar na casa. A família morava em um sítio, então a comida não faltava, mas também não era farta. Julieta foi criada com leite de cabra; sua infância foi muito boa, mesmo só podendo estudar até o 3º ano do primário, como se chamava o Ensino Fundamental da época. Ela brincava de pega-pega, esconde-esconde e, observando os jogos eletrônicos de hoje em dia, em que as crianças constroem cidades virtuais, disse que não existia; antigamente, para se construir um brinquedo, era tijolo comum mesmo.

Quando ela e suas irmãs ficaram moças, elas não tinham onde trabalhar devido ao fato de não terem estudado e, quando o seu pai se machucou, a família passou por muitas dificuldades econômicas. Decidiram vir de trem para São Paulo e foram morar em Santana. Os poucos trabalhos que existiam eram em parreiras, fábricas de tecido e nas linhas de trem.

Ela e suas irmãs trabalharam até se casarem, na mesma fábrica de tecidos, chamada Saba, que ainda se localiza na Rua Direita, porém, hoje, está fechada, pois o dono faleceu. Lá, Julieta teceu sacos, colchas, algodão e seda. Ela adorava trabalhar lá, pois o dono pagava bem, e com as leis do Getúlio Vargas, melhorou ainda mais. Quando se casou, saiu do seu trabalho e começou a vender roupas e a costurar.

As mudanças mais marcantes da cidade ao longo do tempo foram os fechamentos das fábricas, a construção de vários prédios, a falta de amor e o aumento de interesses.