O papel das histórias de vida na construção da História

Disciplina Projetos - 9° Ano

 

Adina Workman

Entrevistado(a)

 

Adina Workman, 71 anos, é uma imigrante, nasceu na Alemanha, em Rosenheim, em 1948. Seus pais, Hannah Libman e Michael Kilsztajn, nasceram na Polônia; ambos eram judeus e sobreviveram à Segunda Guerra Mundial. Hannah, sua mãe e seus dois irmãos foram despachados para a Sibéria, sendo que Michael, que vinha de uma família grande, com doze irmãos (apenas dois sobreviveram), passou por seis campos de concentração na Polônia durante a guerra.

Após a guerra, então, os dois se conheceram e tinham, como objetivo, emigrar para Israel, porém não era algo tão fácil, e assim ficaram em um campo de refugiados, na Alemanha, que foi onde Adina nasceu. Nove meses depois, foram para Israel, onde Michael foi reservista e, muitas vezes, chamado para as guerras. A vida para eles não era nada fácil, tinham muita insegurança, incertezas e preocupações com o bem-estar da família. Foi em Israel, em 9 de julho de 1951, que Samuel Kilsztajn, irmão de Adina, nasceu. Em busca de melhores condições de vida, pensaram em emigrar para os Estados Unidos, onde morava um dos irmãos de Michael. Venderam a casa e compraram passagens. Embarcaram em um navio com muitos outros emigrantes com a intenção de emigrarem para os Estados Unidos. Quando chegaram lá, não foi permitida a entrada, pois não tinham visto. Assim, deram duas sugestões para Michael: ou ele voltava para Israel ou ia para o Brasil. Para Israel ele não podia voltar, já havia vendido sua casa. Ele também não fazia a menor ideia do que era o Brasil, não sabia que havia um país com este nome; disseram a ele que o Brasil ficava perto da Argentina, país sobre o qual ele já tinha ouvido falar. Dessa forma, decidiu então emigrar para o Brasil, com sua esposa e seus dois filhos.

Chegando aqui, tudo foi uma grande surpresa, não conheciam ninguém, não tinham dinheiro, não falavam a língua e foram assim parar no Centro de Imigração, no Brás, junto de muitos outros imigrantes, onde, aos poucos, os homens iam saindo para procurar outras maneiras de continuar vivendo, onde abrigar a família. Adina, seu irmão e seus pais foram morar no bairro Vila Zelina, onde havia muitos imigrantes russos e poloneses. Depois foram morar no Bom Retiro, onde nasceu Malvina, a única brasileira dos irmãos.

Michael e Hannah, no Brasil, trabalhavam fazendo biscates. Ao longo do tempo, foram se familiarizando com o país, ficando mais sociáveis, onde todos os vínculos de amizade eram de pessoas que vivenciaram a mesma realidade que eles. Assim, conforme foram melhorando de vida, mudaram-se para apartamentos e casas maiores, mais isso demorou bastante tempo, até Michael começar a trabalhar em uma fábrica de malharia.

Adina fez seus estudos no Brasil; com 18 anos, conheceu seu marido, Elio Worckman. Com 19, casou, teve suas três filhas, Fani, Dori e Lilian aqui. Cursou o técnico de contabilidades depois do ginásio e foi fazer faculdade depois de casada, já mãe de três filhas.

Adina contou sobre como a situação na Alemanha era complicada e drástica, já que estavam saindo de uma Guerra Mundial, onde havia também pessoas que continuavam com sua vida boa, sem se importar com o próximo, sem querer saber o que estava acontecendo, contanto que elas tivessem a vida delas em uma situação favorável. Contou também sobre como era complicada a vida de sua família, como refugiados, em que não havia possibilidades e nem pensamentos, a não ser como sobreviver, como seria o dia de amanhã, como iria sustentar a minha família, como todos eram oriundos de traumas de países em guerra, conflitos, uma vida muito problemática, cheia de lembranças muito drásticas; eram poucos que tinham escolaridade, e assim acabavam sendo biscateiros. Já os filhos desses imigrantes tinham outras vivências, outra realidade, outros amigos, e tinham a possibilidade de pensar e de sonhar, de ter outras expectativas de vida, e muitos até seguiram o mesmo ofício dos pais, que abriram comércios, fábricas, geralmente de tecelagem ou de malharia.

Era muito importante para a maioria dos imigrantes judeus que vinham da guerra manter a sua cultura, já que haviam perdido quase toda a família.

Adina falou que viveu em um ambiente um tanto traumático, onde o falar sobre a guerra era um grande tabu, já que seus pais haviam sofrido muito, portanto, não gostavam de relembrar o que havia acontecido.

Também contou sobre algo mais atual: sua relação com a tecnologia. Disse que não é muito familiarizada, e que tem muitas dificuldades nesse quesito, mas que acha fundamental tentar se acostumar com essa vida tecnológica, já que a forma de comunicação hoje em dia, tanto social quanto no trabalho, e na forma de se informar sobre o que acontece no mundo, é feita através do celular e do computador.

CHANA, ADINA, 1948

CHANA, ADINA, 1948

ADINA, MICHAL, 1948

ISRAEL, 1949

ISRAEL, 1951

ISRAEL, 1952, HASEL,ADINA,SAMUEL E CHANA

ISRAEL, 1953

VISTO PARA O BRASIL

ADINA, BRASIL, 1954

BRASIL, 1954

BRASIL, 1956

BRASIL, 1956

BRASIL, 1959

BRASIL, 1962

BRASIL, 1964

BRASIL, 1964

BRASIL, 1964

BRASIL, 1964

LILIAN (FILHA MAIS NOVA DA ADINA) E FANY (FILHA MAIS VELHA)

1999, CASAMENTO DA FANY

BRASIL, 2004

BRASIL, 2011, ADINA E DAVID

BRASIL, 2011, FANI, HENRI, LILIAN, CLAUDIO, MALVINA, RENE, RONY, DORY, RAFAEL, YARA, MARION, ÉLIO, GABRIEL, LIA, ADINA, DAVID, YACOV, SAMUEL, HANNA E SAMY

 

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