O papel das histórias de vida na construção da História

Disciplina Projetos - 9° Ano

 

Irene Destro da Silva

Entrevistado(a)

 

Irene Destro da Silva tem 72 anos. Ela me conta a história de sua avó, Carolina Scardellato e, um pouco, sobre a história de seu avô Luiz Destro, ambos italianos, vindos de Gênova, no Norte da Itália.

Ela conta que sua avó veio ao Brasil em 1892, com toda sua família, pais e irmãos (não se sabe quantos). Vieram em um porão de um navio por quarenta dias, sem poderem sair de lá, pois estavam na classe econômica por não terem como pagar por um lugar melhor, pois vinham para o Brasil na esperança de uma vida melhor. E acredita-se que os dois (Luiz e Carolina) vieram nesse mesmo navio, pois aparentemente eles já se conheciam; sabia-se que já havia parentes de Luiz no Brasil, mas não tem como se comprovar que ambos vieram no mesmo navio.

Quando chegou ao Brasil, aos 14 anos, Carolina começou a trabalhar na plantação de café, na qual ficou por muito tempo, pois parte da família de seu futuro esposo já estava no Brasil trabalhando na plantação cafeeira, na cidade de Limeira. Esse serviço permaneceu na família até a geração seguinte. Como os parentes estavam se dando bem com esse trabalho, isso os motivou a vir para o Brasil com todo o resto da família de Carolina.

Após cinco anos de sua chegada, em 1897, Carolina se casou com Luiz Destro, ela com 19 anos e ele com 22. Dessa união gerou uma família de sete filhos, dentre deles o caçula, pai de Irene.

Nessa época, o trabalho era todo braçal, exceto pelo uso da força animal para levar sacas de café para vender em outras comarcas.

O processo se iniciava com a rama do café sendo debulhada, depois eram colocados os grãos no terreno, direto na terra, mas era uma terra vermelha, compactada. Os grãos eram rastelados e assim eram formadas colunas de café no chão, e depois de secos, os grãos eram peneirados através de uma enorme peneira, para tirar objetos que vinham junto com o café, como folhas e areia.

Após essas etapas, o café era levado para a Tulha, um enorme depósito de madeira bem fechado. Irene afirma que esta devia ter uns dez ou quinze metros de comprimento e uns oito metros de largura. Os únicos acessos aos grãos eram por via de uma janela bem perto do telhado e uma portinha para retirar. Por fim, tudo era ensacado e levado por um cavalo para as comarcas mais próximas.

Irene conta que sua avó veio de uma situação muito ruim da Itália e, pelo sucesso com a produção de café, nunca mencionou sentir vontade de voltar para seu país natal. Mas ainda assim contava muitas histórias boas de lá; Carolina falava muito sobre Veneza, gostava muito dos canais e de andar de gôndola.

Na mesma época de sua chegada ao Brasil, muitos imigrantes italianos também vieram; então acredita-se que por serem muitos e serem europeus, não havia preconceito por parte dos brasileiros. E muitos desses imigrantes italianos, assim como Carolina e família, acabavam trabalhando em lavouras, na agricultura de um modo geral, pois havia grande demanda de trabalhadores aqui para o Brasil, além de ser algo em que a família toda podia contribuir. No caso de Carolina e de sua família, a vida melhorou muito depois de sua chegada ao Brasil.

Ainda assim, Carolina se casou com um imigrante italiano e também genovês, e isso só reforça a chance de haver um preconceito por parte da família em casar os filhos apenas com italianos.

CERTIDÃO DE CASAMENTO DE CAROLINA SCARDELLATO E JOÃO DESTRO

CAROLINA SCARDELLATO QUANDO JOVEM

 

Colégio Equipe 2019 ©