O papel das histórias de vida na construção da História

Disciplina Projetos - 9° Ano

 

Roberto Kehdy

Entrevistado(a)

 

Roberto Kehdy, de 80 anos, nasceu em Araguari, Minas Gerais, em 1939, e é descendente de libanês. Seu pai, Abdalla Kehdy, nasceu no Líbano, em Baskhenta, em 1900, e com 14 anos veio para o Brasil em busca de uma vida melhor, pois naquele momento o Líbano passava por uma forte crise econômica que estava causando muita pobreza. Sua família passava por tempos difíceis e Abdalla precisava começar a trabalhar. Viu uma oportunidade no Brasil quando seu tio disse que aqui ele poderia trabalhar com o marido de sua irmã mais velha, que também morava aqui, no setor de máquinas de uma beneficiadora de arroz.

Quando chegou ao Brasil, foi muito bem recebido. Roberto disse que sua família nunca sofreu nenhum tipo de preconceito onde moravam; às vezes faziam piadas sobre eles serem turcos ao invés de libaneses, mas nem Abdalla e nem seus filhos se incomodavam com tais brincadeiras.

Disse que no mercado de trabalho as opções eram muito amplas para os imigrantes que vieram na mesma época que ele; disse saber disso, pois todos os amigos imigrantes de Abdalla foram muito bem-sucedidos trabalhando em diferentes áreas.

Abdalla foi muito bem-sucedido: ele comprou em meados de 1930 uma concessionária de carros da marca Ford, que depois de um tempo passou a vender modelos da Mercedes Benz, e por fim só vendia produtos da mesma. Seu investimento foi muito válido e enriqueceu muito, pois até então só eram produzidos automóveis no exterior, e com a taxa de importação, além de muito cara, tinham preços muito altos. Nessa época eles começaram a ser produzidos no Brasil, fazendo a indústria automobilística nacional crescer muito e a procura pelas máquinas aumentar.

Depois de ter ganhado uma quantidade grande de dinheiro, mandou buscar o resto de sua família no Líbano, porém nunca quis retornar ao país de origem, nem para passear. Roberto disse que seu pai nunca forçou, ou até mesmo sugeriu que seus filhos se casassem com mulheres da mesma etnia, e eles em grande maioria se casaram com brasileiras. Disse também que o que mais percebe da cultura libanesa em seu dia a dia é a culinária, pela qual é maravilhado. Destacou também a bondade e a generosidade como características dos libaneses.

Roberto disse não saber muito sobre a tecnologia quando Abdalla veio para o Brasil, mas que imagina que, pela época, a tecnologia foi avançando aos poucos, com a substituição de trabalhos manuais dentro de grandes processos por máquinas; e que depois da industrialização das grandes cidades, a tecnologia chegou gradativamente ao interior de Minas Gerais. Mas disse também que com a falta de tecnologia em pequenas fazendas, muitos dos imigrantes e dos nativos foram trabalhar no campo ou viraram comerciantes, como Abdalla. Comentou que não pode dizer que nem a vida de seu pai e nem a de seus irmãos foram fortemente marcadas pelos avanços tecnológicos, mas que mesmo sem ser o imigrante, Roberto podia afirmar que em sua infância ele brincava com brinquedos manuais, muitas vezes feitos pela própria família e que atualmente as crianças brincam desde muito pequenas com aparelhos eletrônicos.

AVÔ ABDALLA QUANDO COMPROU SUA LOJA DE CARROS

 

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